C. Lietard, G. Burnichon, V. Thébaud, G. Besson, B. Lejeune. Study designs in neurosurgery. J Hosp Infect. 67:4, 2007 Dec pg 390-2
Os autores compararam 3 métodos de VE da infecção do local cirúrgico num serviço de neurocirurgia durante um período que foi desde Outubro de 1988 até Julho de 2002:
a) um sistema prospectivo, exaustivo com seguimento dos doentes até 30 dias (e um ano no caso de colocação de prótese) – total de 844 doentes seguidos
b) um estudo retrospectivo de de 299 processos clínicos seleccionados numa amostra total de 3588 doentes submetidos a cirurgia no período de Outubro de 1988 a Stembro 2000 ( 1 de cada 12 processos)
c) um processo prospectivo declarativo (passivo)correspondente a 6136 doentes internados e operados entre Outubro de 1998 e Julho de 2002.
Nos primeiros dois métodos a busca de casos era efectuada por profissionais de controlo de infecção e as suspeitas de infecção eram confirmadas com o clínico. No método c) eram os profissionais dos serviços que faziam uma notificação sempre que identificassem uma infecção.
O método prospectivo identificou 100% das infecções; a revisão dos processos clínicos 90% das infecções. Nestes 2 métodos 60% das infecções foram detectadas durante o internamento e as outras 40% com os doentes já noutras enfermarias ou após a alta. No caso de doentes de neurocirurgia é relativamente fácil detectar as infecções após a alta porque os doentes são sempre seguidos na consulta da especialidade, o que permite o seguimento sem grandes perdas de casos. O método baseado na notificação pelo serviço apenas identificou 46% das infecções.
Discussão:
Este estudo vem confirmar que a notificação pelos serviços é um método com pouco interesse para a VE. Mais de metade das infecções não são detectadas. Para que seja eficaz é necessário um grande empenhamento por parte dos profissionais e a aplicação rigorosa das definições. Tendo em conta a falta de tempo e as mudanças de profissionais é difícil manter um sistema com um mínimo de qualidade. No caso da revisão dos processos clínicos, surgiu um problema na busca de informação porque os processos clínicos nem sempre continham a informação desejada.
Comentário:
Os autores concluem que é preferível fazer uma VE intensiva por períodos de 3 ou 4 meses e repeti-los com frequência para obter informação útil que permita corrigir problemas identificados. Este facto tem sido salientado repetidas vezes e mesmo assim, é frequente eu ser abordada com projectos de sistemas de notificação obrigatória pelos serviços.
Comentado por: Elaine Pina
Fevereiro 2008